quinta-feira, dezembro 15, 2011

vai-se colecionando estragos. a cada ruptura, perco um pedaço. ganho novos limites: onde não posso mais chegar.
o que ontem poderia ser dito hoje deve ser sufocado. é errado sentir saudade. é preciso fingir que nada aconteceu, que não modificamos o outro e e que o outro não nos tocou profundamente.
e não há poesia alguma na realidade da perda, na obrigatoriedade de não sermos mais os mesmos, porque enfim, não somos mais os mesmos.
colecionar sucessivas possibilidades é o câncer da pós-modernidade.


(é, eu sofro e não me adequo ao que poderia ter sido e não foi)

quinta-feira, dezembro 08, 2011

é difícil aceitar que eu seja só normal. que dificilmente farei algo que reverberará em gerações próximas, ou até mesmo nessa. que são poucas as pessoas consideradas geniais - elas são minoria, na verdade - e que não pertenço à essa parcela. é difícil aceitar o fardo da mediocridade, digo, da normalidade.

domingo, dezembro 04, 2011

quarta-feira, setembro 21, 2011

terça-feira, agosto 30, 2011

"E você, meu amigo galvanizado, você quer um coração. Você não sabe o quão sortudo é por não ter um. Corações nunca serão práticos enquanto não forem feitos para não se partirem..."

é, eu devia ter preferido miolos.
sabe, deve ser bom não ter memória. ou não ter culpa, vá saber.
minha memória agora é toda feita de mágoa.

segunda-feira, agosto 22, 2011

não sei falar nenhum outro idioma que não o português. tenho os pés gelados e quase sempre inertes. inércia, aliás, é a coisa com a qual mais estabeleço relação de amor e ódio. acompanho virtualmente a vida de pessoas aleatórias e penso nelas como se fossem personagens do meu cotidiano. nunca tive um boneco do pequeno pônei. não gosto de ganhar rosas. sinto saudade de andar de roda gigante mas tenho medo de cair da minha própria altura.

quinta-feira, agosto 11, 2011

dentro de mim
eu se debate.














"Suponhamos que vejo diante de nós uma rapariga de modos masculinos. Um ente humano vulgar dirá dela, 'Aquela rapariga parece um rapaz'. Um outro ente humano vulgar, já mais próximo da consciência de que falar é dizer, dirá dela 'Aquela rapariga é um rapaz'. Outro ainda igualmente consciente dos deveres da expressão, mas mais animado do afecto pela concisão, que é a luxúria do pensamento, dirá dela, 'Aquele rapaz'. Eu direi 'Aquela rapaz', violando a mais elementar das regras da gramática, que manda que haja concordância de género, como de número, entre a voz substantiva e a adjectiva. E terei dito bem; terei falado em absoluto, fotograficamente, fora da chateza, da norma e da quotidianidade. Não terei falado: terei dito".

[ Fernado Pessoa, Livro do Desassossego ]

terça-feira, agosto 09, 2011

isso não quer dizer que eu tenha desistido de aprender a nadar:
só não tenho mais força que a correnteza.

segunda-feira, agosto 08, 2011

não, não é que tudo se resuma só a isso. é que isso foi como um buraco, desses que se formam sob nossos pés no mar, sabe? e que a cada onda, se tornam gentilmente mais fundos. assim mesmo, a areia lentamente abraçando os pés, movediçamente. e a maré não para, subindo. e o buraco não para, afundando. foi assim. um dia a gente acordou afogado.
- se eu te amo?

(...)

- com toda a minha desgraça.

sábado, agosto 06, 2011

quinta-feira, agosto 04, 2011

"Quanto morro se sinto por tudo!"
[ Fernando Pessoa ]


o drama é o reverso do meu amor.








(e o meu verso é meu avesso)
e então entendi que do tanto que sempre quis te dizer nada te faria mais sentido que meu silêncio.
porque havia um sentido
mas não havia uma palavra
até que a palavra
perdeu todo o sentido

terça-feira, agosto 02, 2011

140x30x12 - JULHO

chorei choveu chorei choveu chorei choveu chorei choveu chorei choveu chorei choveu chorei choveu chorei choveu chorei choveu chorei chovi

terça-feira, julho 26, 2011

nunca mais o mar.
nunca mais o mar, água de coco, sorda, cuscuz, tapioca, pamonha, milho assado.
nunca mais são joão, nunca mais o sonho.
nunca mais me atrever a sonhar.

segunda-feira, julho 04, 2011


esvaziar.
realidade: transformando melancolia em tristeza.

140X30X12 - JUNHO

fui quase nada.dei novo sentido a velhos verbos.amadureci.me perdi.reencontrei literatura.chorei. lisergiei, sorri, chorei.acabou.ensolarou.

quarta-feira, junho 01, 2011

140x30x12 - MAIO

choveu.sorri.trabalhei.plantei pimentas.cansei fisicamente.tentei não me entregar.lisergiei.estressei.chorei muito.enchi o saco.faz sol.

sábado, abril 30, 2011

140x30x12 - ABRIL


choveu.desabafei.gastei demais.chorei.quase não bebi.cortei o cabelo.briguei.chorei.entorpeci.plantei manjericão.arrumei emprego.sorri.chove

domingo, abril 24, 2011


sabe. um dia o tempo te alcança.
um dia o espelho vai ressaltar os cabelos brancos, que sem que tenhas percebido, tomaram conta.
tuas mãos vão fazer cair copos, talheres e papéis.
vai ser assim, distraidamente que a solidão vai te pegar.
tudo acaba.

quinta-feira, janeiro 27, 2011


e então o fato é que com essas enormes unhas vermelhas, que batem nas teclas do teclado e me dão uma sensação de finalmente consegui alguma coisa mesmo que essa coisa seja só parar de roer as unhas, o fato é que nesse exato instante eu quero desaguar.
eu quero ser sólida. tudo que eu quero nessa vida é ser real.
é fato. eu não me sinto mais a mesma que começou esse blog. tenho menos poesia e mais ácido.
tenho mais eu.
mas tudo, tudo continua completamente igual.

segunda-feira, janeiro 03, 2011


lembra? quando tudo fazia um certo sentido?
há sempre uma saudade.

só me faço aos pares.

vivia sob essa espécie de apatia, que trazem as pessoas humildes. trazia com ela aquele ar resignado de pessoas simples, que não reclamam, não gemem, não contestam.
arrastava seu corpo na continuidade dos dias, sem esperar por nada. não por não sonhar, mas por não saber o significado arraigado ao ato.
e haviam as noites. repetidas. sós. haviam as noites, em que sim, sonhava. sonhava que não era só.
era quase real. ela não era mais sobra.
acordava.