domingo, setembro 19, 2010


eu quero a solidez
ao invés da solidão.
e então eu quero ser dulcinéia e vivian.
e não quero ser nada. e voltar a ser tua.
e me perder no teu branco, o único branco do teu corpo.
e ter-te preso no meu mar infinito, que é só um copo d'água,
mas só meu, pra te afogar e tempestear.

esse é um manifesto.
sobre todas as coisas que quis.
e continuo querendo.
sobre o quanto me perco nesses desejos.
que são mais sonhos que desejos.
e que não deveriam mais existir.
porque eu deveria ser outra.
porque eu deveria ser mais.
mas não sou.

terça-feira, setembro 14, 2010

o presente era um arremedo. uma ofensa. mais que isso: uma agressão.
pensou que seria melhor o esquecimento.
no presente estava objetificado o conflito entre a vontade que se tinha de esquecê-la e o que não se pode, por regras alheias, ser feito.

segunda-feira, setembro 13, 2010

era um pacote grande, com laço. o conteúdo parecia ser merecedor da embalagem que o guardava.
trazia naquele laço a memória de todos os presentes que não o antecederam. seu tamanho zombava do passado oco.
entrou no carro e o viu ao centro do banco, o que tornava gritante sua presença.
não podia fugir do pacote e seu conteúdo senil.
respirou fundo e desembrulhou toda a mágoa que tentara esquecer.

quarta-feira, setembro 08, 2010