- Independência ou morte! - disse ele. E desde então passou a negar que ela existia.
domingo, agosto 29, 2010
não sabia bem diferenciar coisas impostas de coisas dadas, não sabia se era medo, saudade ou solidão.
sentia em seu peito a milonga. e sabia que voltar não tem volta.
mas era ela, feita de simetrias e horizonte.
espelho auto-existente branco. era o que era. e disso sabia.
pertencia à parcela rara de pessoas que discordava do ditado. não achava que perder traria algo além de fel. ou um fazer de concha. e pensava que os ditados não eram suficientes. que as palavras não eram suficientes. estranha sensação re-sentida, essa de insuficiência. seu maior problema era esse. sofria de insuficiência generalizada.
terça-feira, agosto 10, 2010
- por que essa menina chora tanto?
- por causa do mar.
(...)
- ele rebenta dentro dela.
segunda-feira, agosto 09, 2010
que triste coincidência, de abatumar a nossa massa.
segunda-feira, julho 12, 2010
mas e se eu quiser sentir, rasgar, arder?
mesmo que de nada vá adiantar,
que efeito nenhum vá surtir.
será que ainda lembro como faz?
domingo, julho 11, 2010
minha (nossa) vida vai começar quando o mundo acabar.
de tão líquida
e fluida
deixada ao sol
secou.
cada vez mais pra dentro,
cade vez menos fundo.
eis aí minha epifania.
quinta-feira, junho 10, 2010
há dias não trocamos palavras. o tempo mudou e nós ficamos parados. o entorno mudou e a gente não se deixou levar. dentro tudo permanece o mesmo. "deve haver alguma coisa que ainda te emocione, um cavalo em disparada, nada pra fazer". entre livros, a minha estagnação é a mesma. um ano se passou. ou passou por nós, vai saber.
então que é época de sol e frio e nublado e bergamotas e caquis e o chimarrão sozinha não tem mais o mesmo sabor.
e então que o tempo passou e somos os mesmos quase nada diferentes e o medo de que as mudanças gerassem ausência eterna passou porque tudo continua em seu lugar mesmo que distante.
as bandeirinhas, de novo, nas fachadas. agora de duas cores. o mundo segue seu ritmo e a tentação de entregar-se a ele é imensa. ser como os outros, que falam sem pensar e que vivem sem sentir. é tudo sempre paleativo e só não há remédio pra saudade.
[ minhas lágrimas não caem em mais, em já me transformei em pó ]
[ d.l. ]
os vermelhos ainda são os preferidos. os sons são outros e as palavras tão mais perto são distantes. sem poças d'água lilases e céus nublados de frio. quase livre ainda não é presa e ainda prezo os quentes de ingerir e o frio de externar. as máscaras de pó facial e as listras xadrezes de poás com cerejas e pimentas habitam os cabides e o corpo vazio. pequenas redenções são grandes resistências. o modo de falar é outro mas a conversa é sempre sobre o tempo.
sexta-feira, junho 04, 2010
- sinto saudade dos teus melhores sorrisos
- eu também.
[ fragmentos alheios que são meus ]
do sal do mar do sal
do sal da lágrima do sal
do sal do suor do sal
do mar da lágrima do suor
do sal do sal do sal
[ porque tudo que arde
é sal. e se eu pudesse
o fogo comer
de sal e mar eu arderia ]
- e tuas tristezas, seguem?
- sempre. são elas que me carregam.
vezenquando existo
vezenquando vivo
o resto
restando.
quinta-feira, abril 08, 2010
o tempo nos leva pra dentro. eu sei bem de onde vim. as lágrimas não me deixam esquecer o frio.
quarta-feira, março 31, 2010
todo poro é saudade.
me doo toda.
sumi, eu sei. é o calor, que me consome, no sentido indesejável da palavra. que me fadiga e me mata, pouco a pouco.
todos os dias, eu lembro. e eu sinto a saudade, a fisicalidade da distância. a saudade que se mede em quilometros.
e o tempo que se mede nas gotas de suor.
agora eu sou grande. trabalho. num guarda livro, bom dia, posso ajudar. vendedora de livros. quem dera que fosse de idéias. mas enfim, há de se fazer o melhor sempre. tentar vender mais que produto. tentar não deixar a vida sufocar a vontade. tentar fazer com que a vida não seja suicidada pelo cotidiano.