sexta-feira, julho 31, 2009

irrefluxáveis


a moça sentada de mãos nos bolsos não esperava aquela aproximação.
os dias continuaram. vazios. sempre foram assim, agora pensa ela.
dias de facas no peito. insones.
o que falta, o que falta?
estilhaçada, cacos espalhados de dores perdidas e ressentidas. corpo encarnado de lágrimas, desconhecendo sorrisos. desses, só memórias. memórias quilometricamente distantes e de outros corpos.
fugiu, de mãos nos bolsos. do que era alheio não desejava nada. e um coração autofágico insistiu em mastigar a si mesmo.
inundou-se de medos, afogou-se no fluxo de todas as dúvidas.
olhos abertos, a estranha calma do deixar-se ir.
permitiu que o corpo fosse também fluxo.
alagada de si mesma, não percebeu suas águas sendo invadidas por outros braços.



lembrando de palavras de outrem. usando palavras de outrem. de ontem.