sexta-feira, maio 01, 2009

segundo refluxo

não é de tuas mãos que sinto saudade. mas de mãos quaisquer. de lábios. pernas. pele. pênis. peso de corpo sobre o meu.
saudade de flores. pela casa. pela noite. que nunca chegaram.
saudade de palavras. ao pé do ouvido. balbuciadas em gemidos. carne e saliva. mordidas. apego.
os clichês são sempre tão confortáveis. se não o fossem, não seriam clichês.
pela noite a solidão bate à porta. por todas as frestas ela adentra. fendas da casa. fendas do corpo.
dentro de mim. gesta, toma conta. e nunca é tarde. mas já é tarde.
o que faço de tudo isso que carrego dentro do peito?
sim, clichês. quero todos. porque mentiras sinceras me interessam.

(papéis revirados de outubro/08)

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