sexta-feira, maio 15, 2009


e então ele me pediu a chave da porta da frente. relutei, pensei, não dei. rondou a casa por dias, até que me achasse distraída. entrou sorrateiro, pela janela.
mandei-o sair de todas as formas. gritei, chorei, tentei pedir. escurracei-o incessantemente.
me olhava de soslaio e sorria, ora só com os olhos.
por dias durou esse impasse. eu o empurrava e ele era tão mais forte do que eu!
um dia saiu.
a casa mudou, depois de tanto sua presença. quando imaginava eu estar em felicidade plena, percebo a falta: levara com ele a chave da porta da frente e me deixara lá, trancada dentro de mim.
me debati pelas paredes. gritei e chorei, como se por acaso ele pudesse ouvir.
nada. deixara todo o seu silêncio dentro daquela arquitetura intruncada onde eu me encontrava.
e quando eu já me confundia com quaisquer das paredes, a maçaneta girou.
ele havia voltado pra casa.



(papéis revirados de junho/08)

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